Falta de tratamento favorece doenças cardíacas e pulmonares na vida adulta
Por estar em fase de crescimento e desenvolvimento, é natural que o adolescente apresente diferença na altura dos ombros e da bacia. “Isso faz com que o corpo pareça torto e, por vezes, desengonçado quando o jovem caminha, se senta, para em pé e até quando se deita. Isso ajuda a entender porque, em muitos casos, a escoliose passa despercebida e é confundida com uma alteração estética típica da idade, e que vai melhorar com o tempo, ou com uma má postura causada pelo uso excessivo de celular e videogame. Tudo errado! A má postura não leva à escoliose; a escoliose é que provoca má postura”, esclarece o ortopedista, traumatologista e cirurgião de coluna Luiz Cláudio Rodrigues, que é professor da Faculdade de Medicina Santa Marcelina e doutor pela Unifesp.
Ainda não se sabe a causa da escoliose, que provoca uma curva anormal na coluna para um dos lados do tronco, deixando as costas com a aparência de um C ou de um S. “Acreditamos que essa deformidade tenha caráter genético e hereditário. E, apesar de poder surgir em qualquer etapa da vida, é mais comum que apareça no fim da puberdade e se intensifique na adolescência, devido ao rápido crescimento nessas fases. Vale ressaltar que as meninas são as mais atingidas”, completa o Dr. Luiz Cláudio Rodrigues, que é membro da North American Spine Society, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC).
Segundo o médico, quando a escoliose provoca uma curvatura de até 10 graus na coluna é indicado fazer apenas acompanhamento médico, para identificar qualquer evolução no problema. “Já se a curvatura for superior a 40 graus há indicação cirúrgica. Afinal, a deformidade provoca alterações no corpo todo que podem limitar a mobilidade da coluna, causar dor nas costas e reduzir o espaço do tórax, que abriga os órgãos do sistema respiratório e cardíaco, prejudicando o funcionamento deles. Como consequência, o adolescente fica mais suscetível a ter doenças cardíacas e pulmonares na vida adulta. Por isso é tão importante que os pais deem atenção especial à coluna de seus filhos pelo menos uma vez ao ano, verificando se não há assimetrias ou deformidades. Na dúvida, consulte um ortopedista, porque quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, mais chances o adolescente terá de evitar as complicações da doença, que pode tornar-se grave e incapacitante”, alerta o Dr. Luiz Cláudio Rodrigues.
Além do desvio lateral da coluna, a escoliose também pode deixar:
• Ombros e quadris assimétricos e desnivelados, em que um lado fica mais alto do que o outro;
• Tamanho desigual dos membros inferiores, com uma perna mais comprida do que a outra;
• Cintura e tórax desviados para um dos lados do corpo;
• Um mamilo mais alto do que o outro;
• Costelas e escápulas mais salientes em um dos lados do tórax.
RX com os ângulos medidos e mostrando uma escoliose com indicação de cirurgia